segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Metallica: Live in Rock in Rio


É fato que o Metallica sempre foi uma banda pra lá de importante para o cenário metálico, mas por contas de algumas escorregadelas na carreira a banda deixou arranhar parte de sua reputação, perdendo pelo caminho alguns seguidores. Mas como dizem: com o tempo tudo se resolve. Com a entrada do baixista Robert Trujillo e o lançamento do bacana “Death Magnetic”, a banda deu um tapa de luva naqueles que já a taxavam como navio naufragado e o sucesso do álbum só serviu para trazer de volta o velho orgulho, paixão e glória dos fãs pela banda.

Embalada nessa mesma onda de sucesso das últimas turnês, a instituição Metallica ficou com a responsabilidade de encerrar o único dia verdadeiramente rock ’n roll do festival Rock in Rio 4, que ainda contou excelentes apresentações dos americanos do Slipknot e os mais rápidos e sujos do velho oeste do maravilhoso Motörhead.

E por falar em velho oeste, a película “The Good, The Bad and The Ugly” e a emocionante trilha, “The Ectasy of Gold”, de Ennio Morricone, é o prenuncio que a festa thrash está para começar. Seguindo a cartilha da ultima turnê, a pedrada “Creeping Death” é a mais perfeita abre alas da noite, e do mesmo álbum, “Ride the Lightning”, a ‘heavy’, “For Whom the Bells Tolls”, já dava a certeza que o último Domingo (25), ficará marcada na memória dos mais de cem mil fãs da instituição thrash.

Com inteligência os músicos deram pouca atenção à época mais duvidosa da banda, a energética “Fuel”, sendo um dos poucos bons momentos de tal período, mantém o clima da festa em alta. Depois de feitas as honras da casa e expressado o quão a banda estava feliz por voltar aos palcos cariocas, o clima de festa é elevado à estratosfera com a música homônima ao álbum citado, “Ride the Lighting”. Desnecessário enfatizar que os ânimos dos entusiastas pelo velho e bom thrash metal são exaltados em momentos como esse, aonde toda essência do estilo vem à tona sob a forma desse clássico.

Parece papo de gente velha que cheira naftalina, quando não a mofo, mas sempre comento o quão benigno a idade ou maturidade é para todos nós. E mais uma boa prova disso é o vocalista, James Hetfield. James está hoje mais comunicativo, consegue conduzir à apresentação da banda com maior desenvoltura, saindo do piloto automático ou daquelas burocráticas cartilhas que bandas e músicos inexperientes decoram de cor e salteado. Tal desenvoltura e comunicação são responsáveis pela boa característica intimista com músicos e fãs se sentido á vontade, refletindo mais que positivamente na dinâmica dos shows.

Não pense você que a euforia tenha sido abalada pela calma e emoção de “Fade to Black”. Muito pelo contrário. A canção registrou um dos melhores momentos da noite, com mais de cem mil vozes no coro de cada melodia. Fato curioso na execução da canção fora o erro bobo e até engraçado do vocalista/guitarrista James quando sua guitarra o traiu com uma ‘completa falta de peso’ - faltou distorção na guitarra - numa importante interseção da música. Fato ironizado depois da canção pelo próprio músico, repetindo o erro e complementando: bem pesado assim, hein?
Algo que vale comentar é a produção de palco da banda e o sistema de som. Diferente da horrenda qualidade de som que as bandas brasileiras tiveram de lidar no palco Sunset, o Metallica teve ao seu dispor um dos melhores sistemas de som já vistos, ou melhor, escutados pelas bandas de cá, com todos os instrumentos equalizados de forma assustadoramente alta e cristalina. Já a produção de palco é a mesma usada na última turnê por aqui, em 2010, e a mesma apresentada no DVD “Orgulho, Paixão e Glória”, com fogos artifícios, explosões e labaredas de fogo. Nada que vá deixar o pessoal do Kiss com inveja, mas bem bacana e, com certeza, abrilhantou ainda mais a noite da consagração metal no Rock in Rio.

Com a boa idéia de mudar parte do repertório a cada apresentação, a banda consegue dar um caráter único a cada vez que pisa num palco. E como é de se esperar não faltam bons momentos no ‘setlist’ dos americanos, as novas e longas “Cyanide” e “All Nightmare Long” se juntam às velhas conhecidas como a pesada “Sad But True”, a delicada “Nothing Else Matters” e o pesadelo em forma de música, “Enter Sadman”. As boas surpresas da noite ficaram por conta da instrumental “Orion”, que muito nos fez lembrar o saudoso baixista Cliff Burton, a urgência da rápida “Whiplash” e o cover da banda inglesa Diamond Head, “Am I Evil”.
A certeza que o Metallica fez questão de transparecer aos seus fãs é que a banda está num excelente momento, arrisco dizer que seja até o melhor com a carreira mais que consolidada e músicos experientes certos de qual caminho a seguir. O show apresentado na noite do terceiro dia de Rock in Rio 4, domingo (25), foi prova disso e, com certeza, estará no registro dos melhores momentos da história do festival. Tenho certeza que a maratona de shows e o dia fora pra lá de cansativo, mas o presente de ver a voz do Tharsh Metal, Metallica, em alto e bom som é algo que ficará registrado nos corações de todos.

Nota: Fiz a matéria para o site Território da Música: http://www.territoriodamusica.com/rockinrio/?c=27040

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